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quinta-feira, 14 de dezembro de 2023

VIAGEM DE MOTO: UM ENCONTRO COM O DESCONHECIDO?

 Hoje estou no dia -30 da próxima viagem.

Tudo está quase pronto: Cidades, Atrações, Rotas, Arquivo GPS.
As coisas não começam por aí, mas um pouco antes.
O primeiro de tudo é "quando vou viajar". Isso é fundamental para a viagem.  Se é julho, não dá para ser Ushuaia, ou atravessar os Andes rumo ao Atacama. Se é janeiro, não dá para ir para o hemisfério norte. Aqui no Brasil sei que terei chuvas constantes no período.

Gosto de viajar nos meses de abril e maio ou, setembro e outubro. São meses maravilhosos, quando a temperatura é agradável, as chuvas são nenhuma ou bem escassas. Mas, o importante a dizer é que o QUANDO é muito importante porque ele definirá o PARA ONDE.

Tão importante quanto o QUANDO é o POR QUANTO TEMPO.
A Duração vai determinar a distância que você pode ir, o tempo de parada em cada lugar, a opção de sair de casa ou enviar a moto para um outro ponto de partida perdendo parte da aventura mas ganhando tempo em locais que você já passou ou já conhece.

Não acho que uma viagem deve ser UM ENCONTRO COM O DESCONHECIDO. Isso acontece na fase do planejamento. Tudo é novo, tudo é possível. Mas na medida que vamos definindo melhor a viagem, olhando rotas principais e alternativas, escolhendo os pontos de parada em função das atrações turísticas ou mesmo do limite de tempo na estrada, as coisas vão se clareando e a viagem deixa de ser um desconhecimento total.

No planejamento fazemos nossas escolhas, e elas delimitam nossa "aventura". E ao fazermos escolhas, otimizamos nosso tempo de viagem. É ruim voltar e descobrir que passamos muito perto de algo fantástico que, se soubéssemos de antemão, teríamos optado por visitar. 

Gosto do desconhecido no planejamento. Mas quando minha viagem está pronta, tenho uma rota a seguir, uma estimativa de tempo e de custo. 

Claro, não sou obrigado a cumpri-la. A tenho como uma proposta e não como uma obrigação. Na viagem, muitas das vezes fico menos tempo em um lugar que pensei ficar mais e visito outros pontos que meus olhos ou habitantes locais me indicam.

Até por isso, só costumo reservar o hotel do dia seguinte, não engessando a viagem. Alguns eventos podem retardar a viagem e você pode não conseguir cumprir um cronograma rígido.

Sim, a viagem é um encontro com o desconhecido, uma abertura para o novo. 

Esteja preparado para sair do Planejado se a viagem assim o sugerir ou exigir. Mas, mais do que tudo, esteja preparado para ser feliz e aproveitar ao máximo o que a vida lhe trouxer.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

QUANDO FABRICAREM UMA MOTO, PENSEM ALÉM DA MOTO

Hoje postei um boa reclamação à DUCATI no meu Instagram.
Nada relativo à moto em si. É uma excelente moto e está no topo da pirâmide, junto ou acima de BMW e TRIUMPH.

Mas por que reclamei com a DUCATI?

Fui instalar minha GOPRO para registrar as viagens na DUCATI ENDURO. Muito bem, não tem local onde instalar.

Enquanto que na Triumph e BMW os locais de instalação são vários, permitindo ótimas tomadas da pista e da viagem, na DUCATI não é assim. Não tem um local onde a câmera fique bem posicionada.

Um dos recursos de todas as motos é você instalar na alça do protetor de motor. No caso da Ducati, essas são muito baixas. Tão baixas que se a moto levar um tombo parada, não protegem nada. Você vai acabar arranhando a carenagem e quebrando a manete, com certeza.

No meu caso foi ainda pior. O Protetor da TOURATECH é fraco.  Foi feito com a intenção de ancorar os faróis de milha e só. Não protegem a moto das pequenas quedas com ela parada.

E se acontece de a moto cair, e sempre cai, ele empena e vai ajudar a amassar a carenagem. Isso não deveria acontecer.

Acho bom a DUCATI, tendo uma oportunidade, voltar para a prancheta com uma nova proposta, uma visão mais ampla do que motor, engenharia, design e performance. 

Pensem na moto sendo usada, e com todas as pequenas questões que, embora fora do atual escopo de construção da DUCATI, deveriam ser pensadas em prol do USO que seu proprietário faz dela.

Fica a dica. 

domingo, 15 de outubro de 2023

DEZ MITOS SOBRE IR AO ATACAMA DE MOTO

 De tudo que eu li em vários blogs. De todos os relatos que ouvi, e de tudo que vivenciei na minha viagem ao Atacama, descobri algumas questões que, ou não prestei atenção, ou ainda não foram dita sobre ir ao Atacama de Moto.

Vamos às 10 questões que levantei sobre o tema:

MITO 1: Atacama é um desafio para os motociclistas.
O desafio de ir ao Atacama de moto não está nas estradas nem nas poucas ou nenhuma curva do caminho (exceção feita para o trecho dos Caracoles, ok?).
O desafio é físico e mental. É de preparo físico, de suportar intempéries, de longos trechos de reta, monótonos.
É o desafio do frio, do calor intenso, da altitude que cansa e desnorteia rapidamente o piloto.
Então prepare-se bem. Treine longas jornadas sobre a moto. Prepare seu corpo e sua mente para levá-los próximos da exaustão.

MITO 2: O ponto mais alto é em SUSQUES, a 4.170 metros.
Não. Lá é onde tem o Marco e onde todos param para tirar fotos.
Mas o ponto mais alto fica depois da Aduana, já em território chileno, a uns 90 quilômetros de San Pedro.
Alí você estará a 4.839 metros e dalí até San Pedro descerá 2.600 metros em pouco mais de 90 kms.

MITO 3: O desafio começa em Purmamarca e termina em San Pedro.
Não. Esse é o desafio da altitude.
Para quem seque por Salta, o desafio começa entre Resistência e Salta, para quem segue a Ruta 16.
Essa é a Região do CHACO ARGENTINO. Uma reta de 833 km passando por cidades como Pampa Del Inferno, Rio Muerto e Monte Quemado. O que esses nomes lhe sugerem? Certo! Calor de 42 graus.
É como você estar pilotando dentro de uma sauna. O vento é quente, o calor insuportável, você dentro de um conjunto de cordura se derretendo todo.

MITO 4: Basta acelerar muito e passar rápido pela Região do Chaco.
ERRADO. Faça uma velocidade de cruzeiro, para sua moto render 18 km/litro ou mais porque as vezes tem posto mas não tem gasolina. Tem posto, gasolina, mas falta luz.
Com certeza leve um Galão de 5 litros e o abasteça em Corrientes, Resistência ou Pres. Roque Saenz Pena.
Até San Pedro, mantenha-o cheio porque você pode precisar. Com o tanque na metade, pare no primeiro posto mais civilizado que encontrar. Por civilizado quero dizer os que têm uma lanchonete. Abasteça e se hidrate.
Ah!! E ainda tem 100 km de estrada muito ruim onde, na falta de espaço, um buraco nasce dentro do outro. Atenção Total no trecho dentro da Província do CHACO, próximo a TACO POZO. Essa província não tem muitas receitas e conservação de estradas não é uma de suas prioridades.
Calma, não acabou. Esse trecho é cheio pássaros e outros animais na pista. Fique atento a eles.

MITO 5: Distribua igualmente o trecho entre Foz e Salta.
ERRADO. Aqui não é uma questão de quantos quilômetros você consegue rodar por dia.
Temos algumas variantes que irão alterar sobremaneira sua passagem nesse trecho.
Primeiro: Aduana. Tente passar o mais cedo possível. Se demorar na Aduana, paciência. Você não conseguirá "adiantar a viagem" aumentando o ritmo.
Segundo: De Foz até Corrientes tem uma série de pequenas cidades e, SEMPRE, haverá um Posto Policial na entrada e saida de cada uma delas. Ultrapasse a velocidade da via e poderá amargar multa, sermão e, claro, atraso na viagem.
Terceiro: Chegando cedo a Corrientes e tendo ainda disposição e luz do dia, continue. Tente chegar a Presidente Roque Saenz Pena. Com isso você irá reduzir sua exposição na Região do Chaco, e terá menor quilometragem entre esse ponto e Salta. Saindo cedo, bem cedo, pegará menos calor.

MITO 6: Deixe para descansar em San Pedro.
ERRADO. Aproveite que está passando por SALTA e tire um dia para conhecer a cidade e descansar da moto.
Salta é a melhor cidade do norte da Argentina, tem boa infraestrutura e é um ótimo lugar para ficar um dia.
Descanse. Conheça a cidade, o MUSEU DE ARQUEOLOGIA DA ALTA MONTANHA (com a múmia das 3 crianças incas). Conheça a história. Aproveite e tome uma das melhores cervejas do mundo.
Esse dia será muito importante para lhe repor as energias e prepará-lo para a Travessia dos Andes.

MITO 8: Todos sentem o Mal da Altitude.
ERRADO. Se você tem menos de 40 anos, não se preocupe. Você não sentirá nada ou muito pouco.
Mas, se você já passou dos 60 anos, prepare-se. Pegue no hotel de Salta o máximo de sachê de Chá de Coca que puder. Deixe-os na jaqueta e já coloque um na boca assim que entrar na estrada para Jujuy.
A questão do Mal da Altitude tem a ver com o tempo de permanência entre Jujuy e San Pedro. Ali a Aduana é perversa. Ora é muito rápido (raridade), ora você irá amargar até 4 horas de espera. Aí, meu amigo, o mal da altitude vai lhe pegar. Pode ser uma dor de cabeça daquelas incomodas, um zumbido no ouvido, uma labirintite ou, o que é pior, tudo ao mesmo tempo.
O que vai lhe ajudar nesse trecho é Serenidade e Determinação. Se você fez um bom condicionamento, ótimo. Se não, vai se arrepender por não o ter feito.

MITO 9: A melhor época para ir ao Atacama é no verão.
ERRADO. Isso vale para o frio que você vai pegar na travessia. Mas você sempre terá uma "janela" de boas temperaturas lá em cima, que pode variar de 8h30 às 15h00 no verão e de 11h00 às 13h00 na meia estação.
Junho a Agosto é mesmo desaconselhável, mas Dezembro a Fevereiro é período de muito calor e muita chuva na região do Chaco. Quando falo de chuva, é chuva mesmo. Forte e constante, com rajadas de vento. Isso de Foz até Resistência. A região do Chaco chove menos e, acredite, pelo calor, você vai desejar que esteja chovendo naquele trecho.
O melhor período é mesmo de MARÇO a final de ABRIL ou de SETEMBRO a fins de NOVEMBRO.

MITO 10: Passada a Cordilheira seu desafio acabou.
ERRADO. San Pedro de Atacama é outro desafio. Fora o calor seco do dia e o frio da noite, afinal estamos falando do deserto mais seco do mundo, ainda temos a poeira.
San Pedro é uma cidade sem calçamento, e toda a região tem uma poeira fina, vermelha. Quase um pólen.
Para os que sofrem ou já sofreram de rinite alérgica, atenção. Lá ela volta com força.
Leve antialérgicos e anti-inflamatórios. Para os que têm problemas com alergia, esses remédios são itens obrigatórios.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

ATACAMA NÃO É DESAFIO PARA MOTOCICLISTA

 Se você colocou a viagem ao Atacama como um dos desafios para você como motociclista, esqueça. Não existe desafio para nenhum motociclista ao ir de moto para o Atacama.


Mas, espere um pouco que ainda não terminei.
Não estou dizendo que ATACAMA DE MOTO NÃO É DESAFIO. É sim, e dos grandes.
Só não é desafio para motociclista.

Vou me explicar:
Se você espera curvas sensacionais e uma pista bem ondulada e desafiadora, esquece. Talvez de Purmamarca até Susques, nos Caracoles. Uma cópia da Serra do Rio do Rastro. SÓ. Se pegou a Ruta 9 saindo de Salta, some mais 60 quilômetros de estradas motociclísticas.
No mais são retas e mais retas. Infinitas retas, e algumas pequenas curvas que não merecem o nome de curvas.

Mas ir de moto ao Atacama não é um desafio? É, e a moto serve para aumentar ainda mais esse desafio porque se você for de carro ou de avião não será a mesma coisa.

Mas, entenda, o desafio é FÍSICO e MENTAL. O desafio é você ter sucesso. Suportar todas as forças da natureza contra você. Não é um desafio para O MOTOCICLISTA e sim para o SER HUMANO que está indo de moto para o Atacama.

E sendo assim, a idade, o condicionamento físico e o preparo psicológico e mental são FUNDAMENTAIS para que você tenha sucesso.

Se você tiver até 50 anos e uma boa saúde será uma maravilha. Uma viagem como outra qualquer.
Se tiver entre os 50 e 60 anos, já vai sentir algum desconforto, maior ou menor dependendo do seu condicionamento.
Se tiver passado dos 60 anos, nada do que você se preparou vai impedir os enjoos, o zumbido no ouvido, a dor de cabeça e uma singela labirintite.

Senti tudo isso, em maior e menor grau.
É bem melhor quanto menos tempo você ficar exposto à altitude. Não foi o meu caso.

Era para passarmos RAPIDAMENTE pelos trechos mais altos, entre SUSQUES (4.170 mts) e o ponto efetivamente mais alto do trecho (4.839 mts), que fica no início da descida para San Pedro, faltando perto de 90 kms para chegar lá.
Só para lembrar, os Andes são em forma de U, tendo duas cadeias de montanhas altas e dentro delas um vale maravilhoso.
Muito bem, na Aduana do Passo Jama ficamos parados por 3 horas, tempo suficiente para a altitude fazer todo o seu estrago. Ao entrar em território chileno eu só queria chegar porque começava a acreditar que não chegaria a San Pedro pilotando uma moto. Talvez, dentro de uma ambulância.

Nessas horas é que vale o Preparo Mental. Você põe FOCO e se atenta a ele, SÓ A ELE. Não deixa que mais nada lhe tire a atenção ou o direcionamento. FOCO = CHEGAR DE MOTO. Pilote, pilote, pilote. Fique atento à estrada, pilote, foco.

O que eu queria com esse primeiro texto é refletir isso: ONDE ESTÁ O DESAFIO E O QUE VOCÊ DEVE FAZER.

O desafio está dentro de você mesmo. Uma superação de seus limites, de seus medos, de seus anseios.
A moto é apenas um vetor, para potencializar o desafio.
Não existem curvas apaixonantes e tocadas maravilhosas.
Existe o desafio de você com você mesmo.

Então, prepare-se. Melhore seu condicionamento físico na moto e fora dela.
Consulte seu médico, prepare seu coração, seu pulmão e seus nervos.
Saiba lidar com o estresse e a ansiedade. Pratique a serenidade.
E, aí sim, ponha-se dentro desse enorme desafio.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

MOTOCICLISMO DE ESTRADA E TURISMO EM DUAS RODAS

 Muitos como eu são adeptos do Motociclismo de Estrada. Todas as semanas estamos lá, curtindo um passeio ou iniciando uma Jornada (é o nome que damos às nossas viagens de qualquer distância...rs rs rs).

Embora contribuindo para reduzir o número de carros nas rodovias, consumindo menos combustível e poluindo menos, as autoridades não têm olhos para nós. As proteções laterais das estradas (guard-rail) os tachões (aquelas tartarugas) e muitos outros instrumentos autorizados pelo Código de Trânsito Brasileiro são letais para os motociclistas.

As proteções laterais são navalhas esperando os motociclistas que não conseguirem fazer a curva. Melhor seria deixar o condutor à própria sorte do que contribuir para piorar a situação do acidente. Da mesma forma, os tachões colocados na separação das pistas das rodovias provocam muito mais danos do que contribuem para um trânsito melhor. Passar por sobre eles em qualquer velocidade é alto risco de queda.

A verdade é que não se pensa no motociclista. Até a questão dos pedágios deveria ser repensada. Cuidamos mais das vias, não geramos engarrafamentos, somos mais leves, mas na hora de parar, desligar e descer da moto, tirar a luva, pegar o dinheiro, pagar o pedágio, colocar tudo de volta ligar e sair, somos os que mais atrasamos a operação das concessionárias. Com 5 motociclistas na fila do pedágio, pode acionar outro caixa porque é engarrafamento na certa. Enfim, nas concessões  de rodovias já deveria haver artigo que obrigasse as concessionárias à isentar os motociclistas. Simples assim.

Estou falando muito de motociclistas? Ok. Vamos falar de Turismo em Duas Rodas. 

Por que o Brasil é um dos piores países da América do Sul para se fazer Turismo em Duas Rodas? Não temos Roteiros? Muito grande o risco nas estradas? Nossas Aduanas são complicadas para liberação de motos em trânsito? Não temos uma Política para o Turismo em Duas Rodas?
Você encontra vários alemães, franceses, americanos e canadenses em viagens pelo Chile, Argentina e até no Uruguai. Por que a maioria não se aventura também no Brasil? 
Minha resposta, que você pode não concordar, é: Burocracia, Falta de Política, e falta de um monte mais de outras coisas.

Uma das coisas que sinto falta é de as grandes marcas presentes no Brasil (Honda, Yamaha, Suzuki, Dafra, BMW, Triumph e outras) promoverem a questão do Motociclismo de Estrada e o Turismo em Duas Rodas. Eles são também interessados que as coisas prosperem. Um trabalho em conjunto por parte deles seria algo que viria a ajudar muito.

Também, se tivéssemos um Partido ou um único Congressista com olhos para essa questão e suas correlações, se acompanhássemos e apoiássemos tal Partido ou Congressista, poderíamos mudar essa questão no País. 

Ninguém vai olhar por nós e por nossos interesses se não formos RELEVANTES, entendem? 

Então coloque a questão no seu Grupo de WhattsApp, no seu FACE, no seu Moto Clube, nos cafés da manhã de sábado. Promova a questão, acenda o debate, seja você o começo da mudança. Faça, na certeza que outros, mesmo não sabendo de você, estão fazendo o mesmo. 

SEJAMOS RELEVANTES.

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

QUAL O MELHOR CONJUNTO PARA LONGAS VIAGENS

 Numa de minhas viagens encontrei com um motociclista que vinha dando volta ao mundo em sua 1200cc.


Nos encontramos em um posto de gasolina e paramos para trocar algumas palavras e fazer um pequeno lanche. 

Falamos de viagens e experiências e, dentre muitas coisas interessantes, ele me ensinou algo que agora divido com vocês.

Frank estava usando um conjunto BMW igual ao meu, e ele me disse que aquele era o melhor conjunto que ele já tinha usado. Não só pela qualidade do material e pelas proteções da roupa, para ele as melhores do mundo (Frank, igual a BMW, era alemão), mas porque o conjunto não era impermeável. A impermeabilidade era dada pelo forro interno, removível.

Além de ser mais fresco, por deixar passar mais quantidade de ar por entre as fibras, não sendo impermeável, jaqueta e calça poderiam ser lavados sem perda de qualidade.  O forro de goretex, sendo removível, era retirado para que o conjunto fosse lavado em máquinas de lavar de tempos em tempos. Caso fossem impermeáveis, o movimento de centrifugação da máquina ia romper as fibras e com isso o conjunto iria deixar de ser impermeável com poucas lavagens. 

Mais ainda, em dias de grande calor, ele já vestido com o conjunto, jogava água com uma mangueira e o deixava um pouco úmido. Isso funcionava como um "ar condicionado" e, na estrada, teria um conforto térmico até que o vento e o sol voltasssem a secá-lo. 

Achei a idéia sensacional.

Ao final da conversa, vestimos nossos conjuntos, molhamos-nos com a mangueira de água do posto e seguimos viagem juntos e bem refrescados.

Depois de algum tempo cada um pegou uma estrada, mas ficou na memória a conversa com Frank e, para sempre, o aprendizado sobre o que esperar de um bom conjunto para longas viagens.

Outra dica é não usar sabão em pó nem amaciante na hora de lavar. Quando muito, um sabão neutro pouco abrasivo. Passei a usar sabão de coco em pó e deu muito certo.