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sexta-feira, 31 de maio de 2024

NOSSOS IRMÃOS CAMINHONEIROS

    Para quem viaja muito pelas estradas, dá para perceber que tão grande quanto a irmandade motociclística é a irmandade dos caminhoneiros. E não só entre eles. Nós também fazemos parte dessa comunidade.

    Veja bem, muitos deles viajam sozinhos, tendo a estrada como companheira. Do nascer do sol até o fim da tarde, é o grande painel à frente do caminhão que o acompanha, o que também é o nosso caso.

    Em muitas viagens, testemunhei a irmandade deles para com seus companheiros, sinalizando quando ultrapassados por outro caminhão mais rápido, até chegando para a esquerda para demonstrar que o companheiro da frente já pode retornar para a pista da direita; pegando a via da esquerda, quando passando por postos de gasolina, para facilitar para aqueles que estão tentando entrar na pista, e muitas outras cortesias.

    Com os motociclistas, em particular, eles sinalizam com seta para a direita orientando que o caminho está livre para a ultrapassagem ou, de outra forma, com seta para a esquerda indicando que tem trânsito vindo em sentido contrário. Mais do que isso, muitos, quando possível, chegam o caminhão um pouco mais para a direita, liberando pequeno trecho da pista suficiente  para passarmos em segurança.

    Então, precisamos reconhecer e ampliar essa parceria. Ao ultrapassar um caminhão que foi cortês, não deixe de sinalizar um positivo com a mão esquerda demonstrando que reconheceu o gesto do parceiro. Isso só irá aumentar a comunidade. Um agradecimento fará com que ele proceda assim novamente, que ele comente com outros caminhoneiros, que tudo isso se torne um hábito.

    Quando perceber que um caminhão grande está dando seta para ultrapassar, se possível, reduza a velocidade e dê preferência. Afinal, se ele perder o ritmo vai gastara um tempo enorme para voltar à ele. Pegue a pista da esquerda e sinalize com o farol para que ele possa entrar na sua frente. Assim que ele ultrapassar você recupera seu ritmo rapidamente, e ainda vai ganhar o reconhecimento de quem percebeu seu ato.

    Por fim, é isso. irmãos de estrada se reconhecendo e se apoiando mutuamente. Isso torna nossa viagem mais segura, e nossa irmandade mais forte.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

DESIDRATAÇÃO E HIDRATAÇÃO NAS VIAGENS DE MOTO - DICAS ADICIONAIS

 Olá amigos, passando aqui para atualizar algumas informações.


Primeiro, quero contar um caso engraçado que me aconteceu e que havia omitido da postagem inicial. Mas, depois, lendo o que havia escrito e pensando melhor, achei que deveria dar também essa dica, embora não seja muito, digamos, correta.

Uma outra vantagem da mochila de hidratação, para uso em casos extremos - e é bom frisar isso muito bem para não incentivar atitudes erradas - foi o que aconteceu comigo numa de minhas últimas viagens.

Ia eu tranquilo pela Via Dutra, um trânsito pesado, com vários carros ultrapassando outros mais lentos, eu à esquerda esperando a minha vez, aproveito para me hidratar. Na hora que estou com a mangueira do reservatório na boca, me aparece um carro logo atrás e começa a "colar" demais na minha traseira. Fico preocupado porque numa frenagem (e sabemos que as motos freiam muito rápido) o motorista metido a piloto de fórmula 1 poderia não ter um bom reflexo e acabaria me pegando por trás. Na minha frente, outros carros fazendo as ultrapassagens pela esquerda o que me impedia de acelerar e sair fora do "piloto destemido" que me seguia bem de perto (mas bem de perto mesmo). Não dava para sair para a direita e deixar a "anta" passar porque haviam vários caminhões à minha direita. Passar no corredor e sair do sufoco não era uma boa opção. Foi aí que tive a ideia: Esperei um momento que daria para "fugir pelo corredor", reduzi um pouco a velocidade para gerar um espaço entre eu e o carro da frente, puxei tudo que podia do líquido e enchi a boca. Virei a cabeça para o lado e soltei tudo de uma vez. Foi uma chuva de líquido no parabrisa do "anta" que, aí sim, deu uma boa reduzida para tentar entender o que estava acontecendo. Aproveitei que ele deu folga e acelerei, superando o caminhão à minha direita, entrei para a direita, cortei o carro que estava a minha esquerda e deixei um carro entre eu e o "anta". Mais à frente cortei os demais e segui meu caminho. 

Sei que não é o certo, mas temos também essa opção ao estarmos com uma mochila de hidratação à disposição.

Uma outra informação que recebi de um dos leitores é a de não usar gelatina mas sim aqueles pós para suco (tipo Tang ou Q-Suco), que ficaria melhor porque diluem mais facilmente.

E ainda recebi outra, desta vez de um amigo médico, que é a de usarmos Preparados de Reidratação. Simples, fáceis de encontrar em qualquer farmácia, e em vários sabores.

Fica aí mais essas dicas. Abraços

quarta-feira, 1 de maio de 2024

VIAGENS DE MOTO E A SELEÇÃO DOS RISCOS

 Quando se fala em viagens de moto, as pessoas que nos ouvem pensam em todos os riscos envolvidos e se assustam de verdade. Claro, eles existem.


Mas, como motociclistas  experientes, sabemos eleger os riscos e buscar mitigá-los ao máximo.

Planejamos o trecho diário, a hora de saída, os pontos de parada, o ritmo da viagem em função de nossa disposição e da previsão da meteorologia. Temos Plano A e planos de contingência. Evitamos riscos extremos. Mas desta vez, não fiz como manda o Manual de Sobrevivência do Motociclista Experiente.

Foi uma experiência quase assustadora. Subindo a BR 101 rumo à Trancoso, fui pego por chuva torrencial, muito maior do que os sites de meteorologia previam. Em quantidade e duração, a chuva me castigou por mais de 6 horas seguidas.

Reduzindo o ritmo para viajar com segurança, só consegui mesmo foi ficar mais tempo debaixo daquele temporal. O correto teria sido achar um local de pernoite e continuar a viagem no dia seguinte.

Não o fiz. Eram apenas mais 300 km (depois de 750 km já rodados) que, de dia e tempo seco durariam 3 horas ou menos. Achei que reduzindo a velocidade faria esse percurso em 4 horas ou um pouco mais. Ledo engano.

A estrada acumulava água nos pontos mais baixos. As valas de escoamento de água, dos dois lados da pista, não davam conta do volume de água e transbordavam, trazendo para a pista lama e pedras. Um terror. 

Só isso já dobrava meu risco, mas a noite chegou e, com ela, os riscos triplicaram. Conseguia, e isso já era muito, manter a moto  em pé, derrapando pouco, e dentro da faixa de rodagem. Era o máximo que conseguiria. 

Buracos na pista? Eu não perceberia. Tive sorte de não encontrá-los. Mas encontrei pedras roladas da enchente que se formou e algumas quase me levam ao chão.

Animais na pista? Encontrei com dois que, por sorte ou proteção divina, não completaram a travessia. Não teria como parar a moto e seria um tombo bem feio.

Ao final, os 1050 km que seriam feitos em 12 horas, contando as paradas para abastecimento e os trechos urbanos de velocidade reduzida, se transformaram em 17 horas. Saí as 5h30 da manhã e só cheguei ao destino às 22h40.

Viajar à noite, com chuva forte, se assemelha aos medos que trazemos às pessoas quando contamos nossas viagens de moto.

Somos, mais que motociclistas, gestores de riscos. E com todo o conhecimento e experiência, ousei deixar a segurança e abusar da sorte. Desta vez tido sucesso, mas não arriscaria ousar novamente. Não nesse nível.

Caso se encontre em uma situação dessas, aceite aqui o meu conselho. Faça o que lhe trará mais segurança e conforto. Pare e retome o trajeto no dia seguinte.